Coordenados pelo professor Moisés Monteiro, 23 estudantes do curso de Letras do Campus Garanhuns da Universidade de Pernambuco (UPE) transformaram artigos produzidos na disciplina de prática de ensino em um livro. Com 150 páginas, “Literatura africana de língua portuguesa: uma prática de ensino” será lançado oficialmente nesta sexta-feira (9), às 19h, em cerimônia online através da plataforma Google Meet.
A publicação em formato e-book, que pode ser baixada diretamente de forma gratuita no site da editora Olyver (
https://www.editoraolyver.org/ebook/literatura-africana), é uma contribuição para discussão em sala de aula da evolução da produção literária do continente africano e qual é sua relação com a cultura e a sociedade brasileiras.
“A força da literatura precisa ser reativada no Ensino Básico com obras combativas e abrindo espaço à diversidade, ao plural, também contemporâneo, que leia o mundo, ajude na formação identitária, promovendo a interação dos saberes”, afirma o professor Moisés Monteiro, organizador do livro que tem doutorado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e 30 anos de magistério.
Produzido durante o primeiro semestre deste ano, em plena pandemia, o livro faz um recorte na questão da literatura africana, de expressão portuguesa, que nasceu de uma situação histórica originada no século XV, época em que os lusitanos, como os historiadores, poetas, escritores de viagens, homens de ciências, cronistas e das grandes literaturas chegaram ao continente africano. Esta fase foi chamada de “literatura dos descobrimentos”.
Veio depois o aparecimento de uma nova literatura, a “literatura colonial africana” (1900-1939), que usava a vivência dos portugueses no além-mar, mesclando história e literatura tendo o homem europeu racista e não o homem africano (tido como inferior) como eixo central.
A África era mostrada como uma linda paisagem, um Éden onde o protagonista era o homem europeu que cultuava a exploração do homem pelo homem. Mas com o tempo surgiram autores como João de Lemos (Almas Negras) e José Osório de Oliveira (Roteiro de África) que trouxeram visões mais justas sobre a realidade.
Na década de 1940 fortaleceu-se uma nova literatura, a que se chamou literatura africana de expressão portuguesa. Escrita em línguas locais em mistura com o "português", tinha o propósito era tornar a leitura inacessível aos europeus, não permitindo ao homem branco descodificar as suas mensagens. Esta fase perdura até as independências dos países africanos, na metade dos anos 1970.
No livro, os alunos de Letras do Campus Garanhuns da UPE defendem a importância de se discutir os autores africanos de língua portuguesa desde o ensino básico. Trazer a voz negra para o centro do palco das letras ajuda a fortalecer uma escola democrática. “A experiência vivenciada através da literatura é fundamental para o ser social”, defende o professor Moisés Monteiro.
AUTORES DO LIVRO
Paulo Henrique Alves da Silva
Thalyta Machado da Silva
Andreza da Silva Freitas
Annali Carolina Silva
Jailma Aparecida da Silva
Maria Anieli da Silva Melo
João Marcos Silva Vilela
Josefa Baltazar de Lima
Thaís Deniz Lira
Claudeane Ferreira Freitas
Luciana Teodosio Alexandre Gomes
Mayara Oliveira de Lima
Djael Martins Pedro da Silva
Guilherme da Silva Vale
Brisa Laudicéia do Couto Lima
Erlane da Silva Gonçalo
Janicleide dos Santos Bastos
Alberto César Simplício
Giuliana Nunes Barbosa
Inês Gabriela Oliveira Valença
Tamara de Góis da Silva
Emanuela Ferreira da Rocha
Gabriele de Melo Cordeiro